A expansão
marítima foi uma das “soluções encontradas pela sociedade europeia para fazer
frente aos graves problemas enfrentados pela crise do sistema feudal. A necessidade
de encontrar novas fontes de metais preciosos, de controlar novas regiões produtoras
de alimentos, principalmente de trigo, e de estabelecer o domínio sobre
populações não europeias foram fatores decisivos para o desencadeamento do
processo expansionista.
No século
XIV, até mesmo em função dos graves problemas sociais que persistiam
(insurreições camponesas, revoltas urbanas, conflitos militares, epidemias e
fome), buscou-se incrementar as transações comerciais com a utilização da rota
marítima que ligava o Mediterrâneo aos mare do Norte e Báltico. Nesse contexto,
algumas cidades do litoral português, passaram a ser elos – pontos de parada
obrigatória – entre o sul e o norte da Europa. A partir de então, em Portugal
consolidou-se um grupo de mercadores (burgueses) vinculados às atividades
marítimo-comerciais e interessados em eliminar o monopólio sobre o comércio das
especiarias.
Um importante
fator do pioneirismo português foi a centralização política. Com isso, a
burguesia mercantil ampliou seu espaço, ao mesmo tempo em que o Estado impôs um
controle mais rígido sobre a nobreza. Assim, o estímulo às atividades
comerciais passou a ser uma prioridade política do Estado – e apenas ele seria
capaz de mobilizar os recursos financeiros e materiais para um empreendimento de
tal porte.
Além
disso, houve um desenvolvimento técnico significativo. Instrumentos como o
astrolábio, a bússola e a caravela, permitindo que os portugueses fossem os
primeiros a iniciar as viagens marítimas. Por essas razões, não poucos autores
consideram a consolidação de um Estado centralizado e identificação com os
interesses mercantis como uma precondição para o processo expansionista. A
tradição marítima acumulada, o progresso técnico-naval, intensificado durante a
dinastia de Avis, e, conforme se dizia na época, “a necessidade de buscar no
mar o que a terra não podia dar” também explicam o pioneirismo português.
As etapas do processo de expansão
marítima foram:
· 1415 – A conquista de Ceuta, importante
entreposto comercial árabe localizado no norte da África, é normalmente
considerada o marco inicial do expansionismo português.
· 1487-1488 – Período marcado pela chegada de uma
expedição comandada por Bartolomeu Dias à extremidade sul do continente
africano.
· 1498 – Chegada da expedição comandada por Vasco
da Gama às Índias. A partir dela, rompeu-se o monopólio árabe e italiano sobre
o comércio das especiarias, abrindo à burguesia mercantil portuguesa grandes
perspectivas – alguns autores afirmam que o lucro era da ordem de 4.000 %.
· 1500 – Expedição comandada por Pedro Álvares
Cabral, cujo objetivo era fundar feitorias (entrepostos comerciais) nas Índias.
Essa expedição alcançou o território que viria a se chamar Brasil. Depois de
alguns dias, ela atravessou o Atlântico, contornou a extremidade sul do
continente africano, atingiu as Índias e deu prosseguimento à exploração
comercial iniciada por Vasco da Gama.
Mapas ilustrando o Tratado de Tordesilhas |
O processo expansionista europeu
se inseriu no contexto de transformações globais que ocorreram no séculos XV e
XVI na sociedade da Europa Ocidental. Sem dúvida, ele ampliou as perspectivas
europeias e assinalou o início de uma hegemonia que prolongaria pelos séculos
seguintes: a europeização de boa parte do planeta, em especial da região que
viria a ser conhecida como “novo mundo”, isto é, a América, tornou-se uma
realidade.
Além disso, deve-se registrar que após a chegada dos europeus no continente americano, portugueses e espanhóis iniciaram uma disputa com a finalidade de explorar mais terras. Com isso, criaram o Tratado de Tordesilhas, acordo que dividia o continente americano entre os dois países.
O processo expansionista e seus
desdobramentos, como a montagem do sistema colonial nas Américas, contribuíram
de maneira decisiva para a acumulação de capital na Europa, acelerando, dessa
maneira, a transição do feudalismo para o capitalismo. Além desses resultados
econômicos, é importante destacar que a expansão também contribuiu para o
fortalecimento dos Estados Nacionais europeus, o desenvolvimento do tráfico de
escravos africanos para a América e o extermínio de centenas de povos da
América e de suas culturas. Nesse sentido, a expansão marítima constituiu-se em
um processo histórico fundamental na formação da modernidade europeia.
Thomas Hobbes |
Outro aspecto que estará presente
na prova consiste nas questões inerentes ao Absolutismo. Deve-se destacar que a
centralização política e a consequente consolidação fez com que o Estado
passasse a ter o monopólio do exercício do poder, em suas instâncias
administrativa, militar, jurídica e política. Paralelamente, essa centralização
também atendeu às aspirações da nascente burguesia, interessada na unificação
dos mercados e da moeda, na proteção contra a concorrência de comerciantes
estrangeiros e na existência de uma legislação única, válida para todo o
território nacional.
O que caracterizava os novos
estados, fundamentalmente, era a centralização do poder político, obtida graças
à unificação dos sistemas legais, o surgimento de um corpo de funcionários, a
formação de um exército sob o comando do rei, o enfraquecimento da justiça
senhorial, em detrimento da justiça real, a arrecadação de impostos, agora
devidos ao Estado, a unificação monetária e a eliminação da autonomia das
cidades e de aduanas internas.
A nobreza e o clero foram os
grupos sociais que asseguraram o apoio ao rei; foram também os grupos de
pressão que contribuíram para limitar o poder real em determinados aspectos. Isso
caracterizou o Estado absolutista como um Estado ainda feudal, apesar de vários
historiadores já terem propostos interpretações diferentes.
Nicolau Maquiavel |
Deve-se registrar que diversos
filósofos surgiram com a finalidade de comprovar o poder concentrado nas mãos
do rei. Um deles foi Nicolau Maquiavel, teórico e escritor, considerado um dos
fundadores da Ciência Política. Para ele, o príncipe, isto é, o governante,
devia se valer de uma ética comprometida com as razões de Estado, que se
contrapunha à ética que deveria ser seguida pelos homens. (Os fins justificam
os meios).
Outro importante teórico foi o
bispo Jacques Bossuet, considerado um dos maiores teóricos do poder absoluto
dos reis. Segundo o pensamento do filósofo, de acordo com as tradições da Igreja
Católica, o poder, tanto espiritual quanto temporal, derivava de Deus e era
exercido pelo papa, ao qual os reis estariam submetidos. Bossuet reformulou a
concepção de poder, adaptando-a aos tempos modernos. Para ele, o poder continuava
derivando de Deus, mas era dado por Ele aos próprios reis, aos quais os súditos
deveriam se subornar.
Jacques Bossuet |
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