Portugal
foi o país europeu que mais se empenhou em manter seus domínios coloniais na
África. O regime autoritário de Salazar, no poder desde 1933, recusava-se a
negociar com lideranças africanas que reivindicavam a emancipação das colônias.
O governo português negligenciava, inclusive, a Organização das Nações Unidas
(ONU) e a comunidade internacional, que condenavam a manutenção do domínio
colonial.
Na
colônia de Guiné-Bissau, destacou-se a liderança do político e intelectual
Amílcar Cabral, fundador do Partido Africano pela Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC). No início dos anos 1960, valendo-se da tática de guerrilhas, o
partido iniciou uma guerra contra as forças colonialistas. Em 1973, com mais de
dois terços do território controlados pelos rebeldes, Amílcar Cabral foi
assassinado. No mesmo ano, o PAIGC proclamou a independência de Guiné-Bissau.
Em
Angola a luta armada contra o colonialismo começou em 1961, dirigida por três forças
políticas: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), ligado aos
países do bloco soviético; a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA),
ligada aos EUA; e a União Nacional pela Independência Total de Angola (Unita),
inicialmente vinculada à China e depois à África do Sul. Em Moçambique a luta
armada pela independência começou em 1964, comandada pela Frente de Libertação
de Moçambique (Frelimo), de orientação comunista.
No
início da década de 1970, a luta armada pela independência se fortaleceu nas
colônias, enquanto o regime salazarista respondia aumentando o controle sobre
os territórios e reprimindo com violência manifestações contra o regime em
Portugal. Em 25 de abril de 1974, no episódio conhecido como Revolução dos
Cravos, um grupo de jovens militares derrubou o regime ditatorial em Portugal.
Cravos, um grupo de jovens militares derrubou o regime ditatorial em Portugal. O
novo regime iniciou negociações com as principais lideranças das colônias que
resultaram na independência dos últimos domínios coloniais europeus na África.
Um dos momentos marcantes da Revolução dos Cravos. |
Em
Moçambique e em Angola, contudo, a emancipação não pôs fim aos conflitos. Uma guerra
civil envolvendo as principais facções políticas se alastrou pelos dois países.
O conflito expressava, além de diferenças internas, o jogo de interesses que
marcaram a Guerra Fria, estando as facções combatentes ligadas ao bloco
capitalista ou socialista. As guerras terminaram em 1992 (Moçambique) e 2002
(Angola), deixando um rastro de destruição e mais de 1 milhão de mortos.
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