Adolfo Hitler |
As duras condições impostas à Alemanha ao final da Primeira
Guerra Mundial e a crise econômica de 1929 favoreceram o crescimento do
nazismo. Em março daquele ano havia na Alemanha 2,8 milhões de trabalhadores
sem emprego. Em 1931, o número de desempregados era superior a milhões, e no
ano seguinte atingiu 6 milhões. Estabelecido em 1933, o governo de Adolfo
Hitler responsabilizava o Tratado de Versalhes e a conspiração internacional de
financista judeus pela crise alemã. A ideologia antissemita se difundiu pela
Alemanha e a comunidade judaica passou a ser perseguida no país.
Para minimizar o problema do desemprego, Hitler financiou a
construção de grandes obras públicas e incentivou a instalação de fábricas de
armas, equipamentos militares e bens duráveis. Além disso, para cooptar os
trabalhadores do campo e das cidades, o Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães (NSDAP) garantiu-lhes direitos e benefícios, como férias,
clubes de lazer e facilidades para adquirirem bens de consumo.
Na política externa, o programa do líder nazista era claro. Em
primeiro lugar, pretendia recuperar regiões antes pertencentes à Alemanha,
ricas em matérias-primas valiosas para o pleno desenvolvimento industrial do
Terceiro Reich, o Terceiro Império Alemão. O próximo passo seria conquistar
fontes de matérias-primas em territórios sob controle de povos considerados,
pelos nazistas, “inferiores”: Hitler cobiçava o petróleo da Romênia e do
Cáucaso, o carvão e o ferro da Sibéria e o trigo ucraniano. Para alcançar esses
objetivos, em 1935 a Alemanha estabeleceu o serviço militar obrigatório e
iniciou o rearmamento das tropas.
A Grã-Bretanha e a França, responsáveis pela manutenção da
paz mundial, proposta pela Liga das Nações, preferiram ignorar as ostensivas
ambições do governante alemão, considerando que poderiam ser muito úteis no bloqueio
à União Soviética, formando um cordão contra o avanço do comunismo na Europa.
Em 1936, Hitler retomou a Renânia, região alemã que havia
sido desmilitarizada pelo Tratado de Versalhes e ocupada pelos franceses como
pagamento de indenização de guerra. Os alemães aplaudiram essa atitude ousada
de líder nazista, que reanimava os sonhos de um Estado poderoso e competitivo.
Mapa ilustrando a expansão do exército nazista |
Com a conquista da Renânia, o Tratado de Versalhes estava
sendo violado pelos alemães. Como reagiram as grandes potências da Europa? Não
reagiram. A “benevolência” da Liga das Nações foi muitas vezes justificada com
o argumento de que assim evitaria um confronto direto com os nazistas. Essa atitude
de tolerância em relação ao expansionismo nazifascista ficou conhecida como Política
de Apaziguamento.
Encorajada pela inércia das potências democráticas, a
Alemanha expandiu-se em direção à Europa Ocidental. A Itália, por sua vez,
invadiu a Etiópia, e o Japão conquistou territórios na Ásia. O avanço do
nazifascismo foi refirmado em novembro de 1936 pela assinatura do Pacto
Antikomintern entre a Alemanha e o Japão. O acordo era dirigido diretamente
contra a União Soviética. No ano seguinte, Mussolini aderiu ao pacto, selando o
compromisso bélico dos três países no chamado Eixo Berlim-Tóquio-Roma.
Em 1938,
os alemães invadiram e anexaram o território da Áustria, sem nenhuma resistência
armada. Conhecida como Anschluss, a anexação teve como justificativa a unidade
dos povos germânicos. A Liga das Nações não se manifestou diante do ocorrido.
A anexação da Áustria acirrou o nacionalismo das populações
de ascendência germânica dos Sudetos (antes pertencentes ao Império Alemão), na
Tchecoslováquia, que reivindicavam o direito de voltar a integrar o Estado
alemão. Mas o governo tcheco não aceitava a autonomia dos Sudetos e sua
incorporação pela Alemanha.
Em nome da Liga das Nações, as potências aliadas iniciaram
negociações diplomáticas com a Tchecoslováquia e a Alemanha, pretendendo,
assim, evitar uma guerra na região. No dia 29 de setembro de 1938, o
primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain e o primeiro-ministro francês
Édouard Daladier reuniram-se em Munique com Hitler e Mussolini. A presença de
um representante da Tchecoslováquia foi considerada desnecessária. No encontro
denominado Conferência de Munique, a Alemanha conseguiu um acordo que permitiu
a anexação de algumas regiões da Tchecoslováquia, e Hitler comprometeu-se, a
partir daquela data, a resolver todas as questões de interesse internacional
mediante consulta.
A situação
de relativa paz, contudo, durou pouco. O governo alemão começou a pressionar a
Polônia, exigindo a construção de uma estrada e uma ferrovia extraterritorialidade
por meio do chamado corredor polonês. Exigia também a devolução de Dantzig
importante cidade portuária que passou a ter um governo autônomo após a derrota
alemã na Primeira Guerra Mundial. Além disso, em março de 1939, Hitler invadiu
o que havia sobrado da Tchecoslováquia, o desrespeito alemão ao acordo de
Munique levou os governos britânico e francês a selarem um aliança com a
Polônia, comprometendo-se a protege-la de uma eventual agressão alemã. Tal compromisso
incluía a Romênia e a Grécia.
As garantias
dadas à Polônia deixaram a União Soviética numa posição delicada. A princípio,
Stalin chegou a acreditar que essa atitude poderia significar um trampolim para
uma possível invasão anglo-francesa à União Soviética. Em agosto de 1939, alemães
e soviéticos assinaram um acordo, conhecido como Pacto Germânico-Soviético de
Não Agressão. O pacto estabelecia que, se a Grã-Bretanha e a França decretassem
guerra à Alemanha após um eventual ataque alemão à Polônia, os soviéticos
manteriam-se afastados do conflito. Outra cláusula dividia a Polônia em duas
zonas de influência, a alemã e a soviética. O acordo evitava que a Alemanha
tivesse de lutar em duas frentes, como aconteceu em 1914.
Charge ironizando a aliança estabelecida entre Hitler e Stalin |
No dia
1º de setembro de 1939, Hitler divulgou que as operações militares para a
invasão da Polônia haviam se iniciado. Como retaliação, dois das depois Grã-Bretanha
e França declararam guerra ao Terceiro Reich. Em poucas semanas, a resistência polonesa
foi arrasada e o Exército alemão tomou o país, empregando um estilo de ofensiva
que ficou conhecido como Blitzkrieg, ou guerra-relâmpago.
Após
a conquista da Polônia, os alemães invadiram e conquistaram a Noruega e a
Dinamarca, em abril de 1940, garantindo à Alemanha o abastecimento de aço pelos
mares bálticos e do Norte. Em seguida, dominaram os territórios belga e
holandês, facilitando a penetração alemã na França a partir da Bélgica.
Em junho
de 1940, os nazistas chegaram a Paris e obrigaram o governo francês a assinar o
armistício com a Alemanha. Boa parte do território francês, incluindo a
capital, permaneceu sob ocupação alemã, e no restante foi estabelecido um governo
colaboracionista administrado pelo general Henry Pétain, que ficou conhecido
como República de Vichy.
Enquanto
os alemães investiram na França, os italianos entrevam na guerra ao lado dos
nazistas, voltando-se para o norte da África. As tropas italianas, porém,
sofreram algumas derrotas na região e acabaram recebendo ajuda dos alemães. Os nazifascistas
conseguiram manter o domínio sobre a Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e
algumas áreas egípcias.
Em junho
de 1941, depois de conquistar os territórios da Europa Oriental, como Albânia,
Bulgária, Iuguslávia, Grécia, Romênia e Hungria, Hitler iniciou a operação
Barbarossa. Tal operação visava derrotar o comunismo e apoderar-se de recursos
naturais vitais, como o petróleo, para a continuidade da guerra. Num primeiro
momento, os alemães obtiveram algumas vitórias importantes: chegaram a sitiar
Leningrado, parando às portas de Moscou em outubro. No final do ano, a campanha
nazista na União Soviética começou a mudar, com uma reação decisiva do Exército
Vermelho soviético, que forçou os alemães a recuarem.
As
tentativas dos EUA de impedir as constantes investidas japonesas na China e na
Indochina, importantes regiões estratégicas para o país, motivaram o Japão a
tentar remover a presença norte-americana na Ásia. Assim, no dia 7 de dezembro
de 1941, o governo japonês lançou um ataque aéreo à base militar norte-americana
de Pearl Harbor, no Havaí. Boa parte da frota dos EUA no Pacífico afundou ou
foi colocada fora de combate.
Ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor |
Um dia
após o ataque japonês a Pearl Harbor, o então presidente Franklin Delano Roosevelt
entregou ao Congresso dos EUA uma mensagem anunciando sua intenção de declarar
guerra ao Japão, que foi prontamente aceita.
Com a
sua indústria funcionando em ritmo acelerado, contando com armas e equipamentos
modernos, além de soldados bem treinados, os EUA juntaram –se aos Aliados no
combate aos países do Eixo.
O Brasil,
sob o comando de Getúlio Vargas, manteve-se neutro no início da Segunda Guerra,
apesar da simpatia de muitos integrantes do governo pelos países do Eixo. No entanto,
o ataque japonês a Pearl Harbor alterou os rumos do conflito e a posição de
neutralidade brasileira. Pressionado pelos Estados Unidos, que forneciam
importante auxílio econômico ao país, o Brasil rompeu relações diplomáticas e
comerciais com a Alemanha, a Itália e o Japão.
Como
retaliação, em janeiro de 1942, submarinos alemães afundaram navios mercantes
brasileiros. Esse incidente determinou a entrada do Brasil no conflito mundial,
ao lado dos Aliados.
A contribuição
do Brasil na guerra se deu de diferentes formas. O governo brasileiro concedeu
bases militares às forças aliadas em algumas regiões estratégicas, como Belém,
Natal e Recife, forneceu-lhes matérias-primas, como borracha e minério de ferro
e enviou pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e da Força Aérea
Brasileira (FAB) para lutar contra os alemães na Itália e nos céus da Holanda. Em
contrapartida, o governo Vargas recebeu créditos para a recuperação das jazidas
de ferro de Minas, para a implementação da Companhia Vale do Rio Doce e para a
construção da usina siderúrgica de Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
Os pracinhas que lutaram ao lado dos Aliados na Segunda Guerra Mundial |
A entrada
do Brasil na guerra ao lado dos Aliados também gerou consequências para os
inimigos alemães, japoneses, italianos e seus descendentes que viviam no país. Muitos
perderam seus empregos, foram presos, tiveram suas residências invadidas, foram
proibidos de ensinar suas línguas nativas e publicar materiais em seus idiomas.
A entrada
da União Soviética e dos Estados Unidos na guerra deu novos rumos ao conflito. Desse
modo, as guerras na Europa e na Ásia fundiram-se em um só conflito em escala
mundial, que opunha os Aliados (Grã-Bretanha, União Soviética, Estados Unidos)
aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
Em 1942
a guerra começou a tornar-se favoráveis aos Aliados: no mar, os
norte-americanos impuseram derrotas aos japoneses; em terras, os soviéticos
resistiram ao avanço alemão em Stalingrado. No norte da África, em 1943, os
alemães foram vencidos por tropas anglo-americanas, que em julho do mesmo na ocuparam
a Sicília e desembarcaram na Península Itálica, onde derrubaram o governo de Mussolini.
Na frente oriental, depois da vitória em Stalingrado, os soviéticos esmagaram
os alemães na Batalha de Kursk (1943).
Imagem do episódio conhecido como DIA D. |
A operação
decisiva na frente ocidental, que ficou conhecida como Dia D, ocorreu em 6 de
junho de 1944. Nesse dia, as forças aliadas comandadas pelo general
norte-americano Dwight D. Eisenhower, desembargaram na província francesa da
Normandia. A ação envolveu cerca de 150 mil soldados, além de navios de guerra
e aviões. Os Aliados iniciaram seu avanço em direção à Alemanha, libertando
Paris e o norte da França do jugo nazista. Enquanto isso, o Exército soviético,
no extremo oposto da Europa, libertava a Romênia, a Bulgária e a Polônia do
domínio alemão.
O ano
de 1945 assistiu à “corrida” para Berlim, disputada por exércitos soviéticos, a
partir do leste, e por norte-americanos e britânicos, pelo oeste. As forças alemães
tiveram sucessivas derrotas. Sem perspectivas de vitória, no final de abril,
Hitler e sua companheira Eva Braun suicidaram-se. Diante disso, em maio daquele
ano, a Alemanha assinou sua rendição.
No Pacífico,
porém, a guerra ainda se estendeu por mais quatro meses. Em fevereiro de 1945,
os norte-americanos conquistaram a ilha japonesa de Iwo Jima, importante ponto
estratégico que abriu caminho para os ataques contra o Japão.
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Sem Censura - Moisés Rodrigues
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