O luteranismo
Na Idade Média a Igreja era rica e poderosa. Os bispos
possuíam feudos enormes. O papa tinha muita força política: celebravam acordos
entre países, interferia na escolha dos reis, era chamado a coroá-los etc. Mas
havia um grande número de pessoas, grupos sociais e líderes políticos e
religiosos descontentes com a Igreja.
No século XV, muitos reis passaram a ver o papa como um
obstáculo ao fortalecimento do poder real. E se opunham também à saída de
dinheiro de seus reinos e principados para Roma, a sede do papado. Esse
dinheiro saía em razão das taxas e tributos pagos à Igreja pelos fiéis. Muitos
membros da Igreja tinham comprado o cargo de bispo ou de cardeal. Vários papas
daquela época chegavam à chefia da Igreja por pertencerem a famílias poderosas.
Os padres tinham geralmente pouca instrução e nenhum preparo religioso para
orientar os fiéis.
Crítica à venda da indulgência |
Além disso, diversos líderes da Igreja Católica praticavam o
comércio de artigos religiosos. Vendiam um objeto qualquer dizendo que era um
pedaço de osso do jumento montado por Jesus, um pedaço de pano envelhecido
dizendo que era um pedaço de pano envelhecido dizendo que era do manto da Maria
e várias outras falsas relíquias. E mais: bispos e padres vendiam também
indulgências, isto é, o perdão dos pecados, em troca de doação em dinheiro à
Igreja.
Essas práticas abusivas de membros da Igreja provocaram uma
grande insatisfação entre cristãos de diferentes condições sociais, e
contribuíram para o surgimento de ideias e movimentos reformistas.
No início do século XVI, na região onde hoje é a Alemanha,
um monge de nome Martinho Lutero revoltou-se contra a venda de indulgências e
ousou discordar da doutrina católica; era o início do movimento conhecido como
Reforma Protestante.
Imagem de Martinho Lutero |
O reformador Martinho Lutero nasceu em 1483, na cidade alemã
de Eisleben e recebeu de seus pais uma educação bastante rígida. Com 18 anos,
para alegria de seu pai que queria vê-lo advogado, Lutero entrou na
universidade de Erfut para estudar Direito. No entanto, ele se interessava mais
pelo estudo da Bíblia e vivia preocupado com a salvação eterna. Por isso trocou
o curso de Direito pelo de Teologia e ingressou num convento agostiniano.
Estudioso e persistente, aos 29 anos Lutero tornou-se doutor em Teologia. No convento,
ele fazia tudo o que julgava necessário à salvação da alma: jejuava, orava e
lia a Bíblia noites inteiras e, no entanto, continuava a se sentir um pecador.
Lutero só superou sua crise pessoal e espiritual ao romper com a Igreja de Roma
e propor uma nova doutrina.
Em 1517, o papa prometeu que todo aquele que desse dinheiro
para construir a nova basílica de São Pedro, em Roma, receberia em troca uma
indulgência plena, isto é, o perdão de todos os pecados. Indignado, Martinho
Lutero pregou na porta de sua paróquia as 95 teses, um documento contendo duras
críticas à Igreja.
Lutero fundou uma Igreja e criou para ela uma nova doutrina
baseada nos seguintes pontos:
·
A justificação pela fé, ou seja, é a fé em
Deus que salva uma pessoa, e não as boas obras que ela praticou;
·
Sacerdócio universal, onde todo cristão é
capaz de interpretar a bíblia por si mesmo;
·
A bíblia é a única fonte de verdade;
·
O batismo e a eucaristia são os dois únicos
sacramentos;
·
O culto aos santos e a ideia de que o papa é
infalível não tem fundamento;
·
Qualquer membro da Igreja pode se casar;
O Calvinismo
Imagem de João Calvino |
João Calvino nasceu na França, em uma família burguesa, e se
formou em Teologia. Ele também defendia a salvação pela fé e os outros
princípios básicos da doutrina luterana. Mas, diferentemente de Lutero, Calvino
acreditava na predestinação absoluta; ou seja, que as pessoas nada podiam fazer
para mudar seu destino. Alguns são predestinados por Deus à vida eterna e
outros, à morte eterna.
Por divulgar suas ideias, Calvino foi acusado de herege
pelos católicos franceses. Então deixou a França e refugiou-se em Genebra, na
Suíça, onde encontrou pessoas abertas às suas ideias. Em 1541, Calvino se
tornou a principal figura do governo de Genebra, onde exigiu que seus
habitantes levassem uma vida puritana, isto é, acordassem cedo, dormissem cedo,
se dedicassem à oração a ao trabalho, poupassem, não participassem de jogos de
azar e nem ingerissem bebida alcoólica.
O Anglicanismo
Henrique VIII |
Na Inglaterra, o movimento reformista foi conduzido elo rei
Henrique VIII. Ele vinha querendo se livrar da interferência do papa e dos
impostos cobrados pela Igreja Católica no seu país. Então, pediu que o papa
anulasse seu casamento com Catarina de Aragão dizendo que ela não conseguiria
lhe dar um filho para ser seu herdeiro.
Ao
ter seu pedido negado pelo papa, Henrique VIII decidiu agir: romper com a
Igreja de Roma (1531) e se casou novamente; desta vez com Ana Bolena, uma dama
da corte. Ao saber disso, o papa o excomungou. O Parlamento inglês, em comum
acordo com Henrique VIII, reagiu aprovando o Ato de Supremacia (1534), o qual
declarava o rei o novo chefe da Igreja na Inglaterra, chamada de Igreja
Anglicana.
Como
chefe da nova Igreja, Henrique VIII confiscou as terras e os mosteiros da
Igreja Católica e os vendeu ou presenteou aos nobres e burgueses que o
apoiaram. Assim, o rei inglês se fortalecia, acumulando o poder político e
religioso.
A contrarreforma
Inconformados com a grande aceitação das ideias de Lutero na
Europa, os líderes da Igreja Católica organizaram uma reação, que ficou
conhecida como Contrarreforma. Para isso, realizaram encontros entre 1545 e
1563 para discutir formas de combater o movimento protestante e reavaliar a
conduta dos líderes do catolicismo. Esses encontros ocorreram na cidade
italiana de Trento, por isso ficaram conhecidos como Concilio de Trento.
Concílio de Trento |
Além disso, foi fundada pelo espanhol Inácio de Loyola, em
1540, a Companhia de Jesus acabou se tornando uma das principais representantes
do movimento da Contrarreforma. Os Jesuítas, como eram chamados seus membros,
fundaram vários colégios com o objetivo de ensinar a fé católica. Além disso,
muitos deles participaram ativamente das reuniões do Concílio de Trento.
Outro órgão criado nesse período pela Igreja Católica foi a
Inquisição. A partir de então, em várias regiões da Europa, os juízes do
chamado Tribunal da Inquisição torturaram e condenaram à morte milhares de
homens e mulheres cristãos acusados de heresia.
Representação da Inquisição |
Qualquer um poderia ser um delator, ou seja, acusar alguém
suspeitos de praticar heresia. A identidade do delator era preservada, e muitas
vezes os acusados não sabiam qual era a acusação contra eles. Entre os
perseguidos estavam os chamados cristãos-novos, pessoas recém-convertidas ao catolicismo
– muitos dos quais eram judeus ou muçulmanos. Muitos cristãos novos sofriam
perseguição porque ficavam sob suspeita de manter suas antigas crenças em
segredo.
Outras práticas perseguidas eram aquelas consideradas pagãs,
como a magia, a alquimia e a astrologia, tidas pelos cristãos como bruxaria ou
feitiçaria. Dentre as punições aplicadas durante a Inquisição, estavam:
torturas, prisões, confisco de bens, trabalhos forçados, degredo, dentre outros
castigos.
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Sem Censura - Moisés Rodrigues
https://www.youtube.com/watch?v=iEsV0XgvoxI&t=87s
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