sexta-feira, 27 de abril de 2018

A Revolução Russa

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Czar Nicolau II

         No começo do século XX, o Império Russo iniciou uma disputa com o Japão para obter o domínio sobre os territórios da Coreia e da Manchúria. Essa disputa se acirrou e acabou dando origem a uma guerra. Várias derrotas militares do Império Russo contra o Japão, no entanto, abalaram a já fragilizada base do governo czarista de Nicolau II. Além disso, essas derrotas agravaram ainda mais as condições de vida da maioria da população pobre.
         Surgiram revoltas populares e greves que foram duramente reprimidas por tropas imperiais. No dia 22 de janeiro de 1905, trabalhadores russos organizaram, na cidade de São Petersburgo, uma manifestação pacífica para reivindicar melhores salários e redução da jornada de trabalho. O czar, no entanto, ordenou que os guardas imperiais atacassem os manifestantes, matando centenas de homens, mulheres e crianças. Este episódio, conhecido como Domingo Sangrento, marcou o início de várias revoltas contra a autoridade do czar.
         Para se organizar e lutar por melhorias, os trabalhadores criaram então os sovietes, conselhos formados por delegados eleitos por operários, camponeses e soldados, que conferiam maior representação política à população russa.

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Ilustração do episódio conhecido como Domingo Sangrento

        
Após enfrentar os levantes populares, o czar promoveu algumas reformas buscando restabelecer seu prestígio e manter-se no poder. Assim, ele criou a Duma um parlamento formado por deputados eleitos pelo povo que auxiliavam nas decisões políticas, e legalizou os sindicatos de trabalhadores.
Entretanto, quando a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial, após a Alemanha ter-lhe declarado guerra, o exército russo, apesar de numeroso, estava despreparado e sem recursos, sofrendo inúmeras baixas no conflito. À medida que o czar insistia em manter a Rússia na guerra, aumentava a oposição popular ao seu governo.
A situação de pobreza da população aumentou, uma vez que toda a economia estava voltada para despesas de guerra. No inverno de 1917, uma onda de fome assolou a Rússia. A população, então, organizou várias greves, saqueou lojas e depredou tribunais e delegacias. Nem mesmo os soldados reagiram contra a população, pois apoiavam os revoltosos. Sem ter como retomar o controle da situação, o czar Nicolau II foi obrigado a abdicar em março de 1917.
O governo provisório não podia conter a revolta popular. Os camponeses já estavam fazendo a reforma agrária, ocupando as terras dos nobres e da Igreja Ortodoxa, que apoiavam o governo do czar. Nas cidades, a agitação dos operários era intensa, principalmente no soviete de São Petersburgo, controlado pelos bolcheviques. A situação do governo provisório ficou ainda pior com a tentativa frustrada de um golpe militar pelo general Kornilv, que era apoiado pelas forças ainda fiéis ao czar.

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Lênin e trotsky respectivamente

Como o governo provisório não possuía tropas suficientes, foram os sovietes de Petrogrado que evitaram o golpe militar, em uma demonstração de que estavam em condições de tomar o poder. Lênin e Trotsky, os principais líderes bolcheviques, articularam então a insurreição, que teve início na noite do dia 24 de outubro. Contando com tropas de trabalhadores armados, além das unidades militares que guarneciam Petrogrado, os revolucionários não tiveram dificuldades em tomar os pontos da capital e depor o governo provisório.
Assim que tomaram o poder, os bolcheviques do soviete de Petrogrado criaram o Conselho de Comissários do Povo, uma espécie de ministério responsável pela nova organização do governo e pela coordenação dos demais sovietes russos. Presidido por Lênin, o Conselho realizou várias mudanças, como a estatização da marinha mercante e dos bancos. Também foram criados tribunais revolucionários formados por cortes populares em substituição às antigas instituições judiciárias.
Além disso, houve a extinção dos latifúndios e a desapropriação de terras, que foram entregues às comunas agrícolas para serem distribuídas aos camponeses de acordo com as necessidades e a capacidade de trabalho das famílias. As fábricas também foram estatizadas e passaram a ser autogeridas pelos operários.
Houve também o confisco dos bens da Igreja Ortodoxa e a abolição do ensino religioso nas escolas. Assim, foi priorizada a educação laica, e os privilégios de caráter religioso sofreram severas restrições.
Logo que assumiram o poder, os bolcheviques determinaram a adoção do regime de partido único, e o Partido Bolchevique foi rebatizado de Partido Comunista. E, em 1922, com a intenção de englobar as demais repúblicas soviéticas anexadas à Rússia, foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

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Mapa da URSS

Depois que a Rússia retirou-se da guerra, os grupos anticomunistas se organizaram e formaram uma coalizão para derrubar o regime socialista implantado pelos bolcheviques. Dessa coalizão participaram os antigos oficiais fiéis ao czarismo, grupos liberais, mencheviques e mesmo os socialistas que estavam descontentes com o poder concentrado pelo Partido Comunista. Além disso, os grupos anticomunistas receberam o reforço de tropas e apoio material dos países capitalistas, como França, Inglaterra, Estados Unidos e Japão. Esse contingente contrarrevolucionário ficou conhecido como Exército Branco.
Em defesa da revolução, Leon Trotsk passou a ocupar o cargo de comissário do povo para a guerra. Com dificuldades para montar às pressas um exército capaz de resistir à guerra civil se configurava, ele estabeleceu o serviço militar obrigatório e recrutou oficiais e soldados do antigo exército czarista. Rapidamente, Trotsky organizou o Exército Vermelho, formado por três milhões de homens treinados sob rígida disciplina e motivados por intensa propaganda comunista.
Durante a guerra civil, que durou de 1918 a 1920, foi implantado o comunismo de guerra. De acordo com essa política, baseada em uma disciplina severa no exército e nas fábricas, os camponeses deveriam entregar parte de sua produção ao esforço de guerra do Estado. A estatização da economia foi levada ao extremo, com a proibição de qualquer iniciativa privada. Mediante esses esforços, o Exército Vermelho venceu as forças contrarrevolucionárias no final de 1920, expulsando-as do país. A guerra teve um saldo de milhares de mortos.
Com o fim da guerra civil e da política do comunismo de guerra, a necessidade de recuperar o país, arrasado pelo conflito, obrigou o Partido Comunista a adotar a Nova Política Econômica (NEP) para a reconstrução do que havia sido destruído.
Iniciada em 1921, essa política era defendida por Lênin como um recuo estratégico de retorno ao capitalismo para em seguida avançar ainda mais no fortalecimento do socialismo. O embargo da produção camponesa foi substituído por um imposto a ser cobrado em produtos, sendo permitido que os camponeses vendessem o excedente, para assim obterem lucro. Além disso, o Estado soviético permitiu que a iniciativa privada controlasse pequenos setores do comércio e da indústria, mantendo sob a autoridade estatal as grandes indústrias pesadas e áreas estratégicas, como a produção de aço, construção naval, geração de energia, extração mineral e sistema bancário.
Após a morte de Lênin, em 1924, teve início uma disputa pelo poder entre Stálin, então secretário-geral do Partido Comunista, e Trotsky, o comissário do povo para a guerra.
A disputa entre Trotsky e Stálin espelhava também uma disputa entre os dois projetos de revolução socialista. Enquanto Stálin era partidário do fortalecimento do socialismo na Rússia, para depois leva-lo a outras nações, Trotsky defendia a “revolução permanente”, ou seja, a internacionalização do movimento revolucionário, pois acreditava que o socialismo russo dificilmente venceria sozinho a concorrência capitalista.
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Stalin - dirigente do Partido Comunista após a morte de Lênin
Como dominava a máquina burocrática do partido, Stálin conseguiu expulsar Trotsky do país e passou a exercer o poder absoluto, realizando expurgos dentro e fora do partido, eliminando a maioria dos revolucionários que lutaram ao lado de Lênin. Nascia, assim, a ditadura stalinista, marcada pela rigorosa censura à imprensa e pelo rígido controle sobre a sociedade.

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