terça-feira, 6 de junho de 2017

A Revolução Industrial

            No século XVIII, foram introduzidas importantes inovações tecnológicas na Inglaterra, como a máquina de fiar, a máquina a vapor e o tear mecânico. Essas inovações acabaram provocando grandes transformações no modo de organização do trabalho e deram origem à Revolução Industrial.
            O acúmulo de capitais foi um dos principais motivos do pioneirismo inglês no processo de industrialização. Durante os séculos XVI e XVII, burgueses ingleses conseguiram acumular capitais, principalmente, por meio da exploração comercial nas colônias da América e da África e, também, das relações comerciais com outros Estados europeus.
            No século XVIII, a Inglaterra se consolidou como uma grande potência militar, dispondo de uma poderosa frota naval. Nessa época, o governo inglês aprovou leis que beneficiavam a burguesia, como a diminuição das taxas de juros sobre empréstimos bancários, o que estimulou os mais variados investimentos.
            Assim, os burgueses ingleses puderam dispor de enorme capital, que foi direcionado para empreendimentos como a criação de fábricas, promovendo a industrialização em várias cidades inglesas.

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Ilustração do processo conhecido como cercamento dos campos.
            Entre os séculos XVI e XVIII, burgueses ingleses realizaram os chamados cercamentos das terras comunais, transformando-as em grandes propriedades privadas. Essas propriedades passaram, então, a ser utilizadas para fins comerciais, principalmente com a formação de pastagens para a criação de ovelhas. Esses animais forneciam a lã, matéria-prima essencial para as indústrias têxteis inglesas.
            Sem ocupação no campo, milhares de famílias camponesas partiram para as cidades em busca de trabalho, e, como não havia emprego para todos, formou-se uma multidão de desempregados. Aproveitando-se da difícil situação e que se encontravam essas pessoas, os empresários burgueses passaram a contratá-las para trabalhar em suas fábricas como operários, pagando baixos salários. Sem outras opções, esses trabalhadores se sujeitavam a longas jornadas de trabalho em troca de uma pequena remuneração.
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Exploração do trabalho infantil durante a Revolução Industrial.
            Outro fator determinante para a arrancada industrial da Inglaterra foi a abundância, em solo britânico, em solo britânico, de recursos minerais fundamentais para a indústria, como o ferro e o carvão. O ferro foi essencial para o desenvolvimento da indústria pesada, que produzia ferrovias, locomotivas, peças e máquinas em geral. O carvão, por sua vez, tornou-se a mais importante fonte de energia, alimentando as máquinas a vapor que impulsionaram a industrialização.
            A partir do início do século XIX, o processo de industrialização e urbanização acarretou profundas transformações na estrutura da sociedade inglesa.
            Os que mais sofreram com o processo de adaptação ao novo ritmo de vida e trabalho foram os operários urbanos. As dificuldades de adaptação dessas pessoas aumentavam em razão das precárias condições de moradia e saneamento das cidades.
            A nascente classe média urbana era formada por grupos ligados às atividades industriais, comerciais e financeiras e, também, por profissionais como advogados, médicos, professores. A classe média foi muito beneficiada pela Revolução Industrial.
            Com a Revolução Industrial, as relações de trabalho também sofreram profundas transformações. O modo de produção requeria total submissão à disciplina da fábrica, impondo uma rotina monótona e regular. A divisão do trabalho e a mecanização da produção aumentavam os rendimentos do capitalista, ao mesmo tempo em que desqualificavam o trabalho do produtor direto, impondo ao trabalhador a repetição de movimentos cada vez mais simplificados. Os salários permaneciam baixos e o risco de desemprego era constante.
            As condições de vida dos operários ingleses eram bastante difíceis. Por receberem baixos salários, eles eram obrigados a habitar moradias precárias. Além disso, o custo do transporte era muito alto, o que os forçava a morar em bairros próximos às fábricas, convivendo diariamente com a poluição.
            Inconformados com as injustiças a que estavam submetidos, muitos operários manifestaram seu descontentamento por meio de greves e motins. No início do século XIX, por exemplo, aconteceu o movimento ludista, que era formado por grupos de operários que invadiam oficinas têxteis e quebravam todo o maquinário como forma de protesto.

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Representação do movimento Ludista.
            Outras vezes a revolta era provocada pela fome: por ter condições financeiras para comprar os alimentos, os operários organizavam motins e saqueavam mercearias e armazéns.
            Como forma de resistir à exploração capitalista, os operários fabris se organizaram e formaram associações de trabalhadores. Essas associações, conhecidas como Trade Unions, eram formadas por diferentes profissionais, como sapateiros, pedreiros, mecânicos, livreiros, etc. As Trade Unions procuravam organizar as reivindicações de grupos de profissionais especializados e, para isso, esses profissionais contribuíram com uma pequena quantia mensal. Essas associações foram se fortalecendo ao longo do tempo e deram origem aos sindicatos de trabalhadores.
            Organizados em associações, os operários passaram a reivindicar melhores condições de trabalho. A partir da década de 1830, eles conquistaram seus primeiros direitos trabalhistas. Nessa década, os operários conseguiram a aprovação de leis que regulamentavam o trabalho de crianças e jovens. Essas leis estipulavam, por exemplo, que crianças de 9 a 13 anos de idade trabalhariam no máximo 6 horas diárias. Na década seguinte, outra lei estabelecia a redução da jornada de trabalho das mulheres e, por volta de 1850, os homens também conseguiram reduzir sua jornada.

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Ilustração do movimento cartista.

            A carta ao povo foi um manifesto enviado ao Parlamento inglês, no ano de 1838, em nome do proletariado da Inglaterra. Nesse manifesto, os cartistas, ou seja, os operários ligados ao movimento, reivindicavam o direito de voto de todos os homens maiores de 21 anos, eleições anuais para o Parlamento, pagamento dos salários dos parlamentares, voto secreto, fim do critério censitário para se candidatar ao Parlamento e igualdade entre os distritos eleitorais.

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