sábado, 24 de setembro de 2016

O mercantilismo e o Renascimento.

O mercantilismo

Resultado de imagem para mercantilismo             O fortalecimento dos Estados Nacionais levou-os progressivamente a adotarem uma política intervencionista na economia: o mercantilismo. O mercantilismo pode ser considerado um sistema econômico; antes, constituía-se em um conjunto de ideias e práticas utilizadas entre, aproximadamente, os séculos XV e XVIII, objetivando o fortalecimento do Estado e a máxima expansão comercial, com ênfase na atividade comercial.
            O Estado era o sujeito, pois, de acordo com as concepções dos mercantilistas, ele era diretamente responsável pela implementação das práticas econômicas, definindo prioridades, concedendo monopólios, estabelecendo tarifas alfandegárias protecionistas, incentivando a construção naval e atuando diretamente na montagem e organização do sistema colonial. Era também objeto à medida que essas mesmas práticas, em última instância, visavam ao engrandecimento dele próprio.
            Nos primeiros tempos do mercantilismo, particularmente no século XVI, pretendia-se a acumulação de metais preciosos (metalismo), pois acreditava-se que estes eram o elemento essencial de riqueza. Buscava-se manter uma balança de comércio favorável. Também em relação à balança de comércio favorável, era importante a exploração colonial, pois os metais preciosos e os gêneros tropicais que poderiam ser úteis na exportação efetuada pela metrópole era extraídos e produzidos nas colônias. Assim a economia que se montou nas áreas coloniais tinha, também e principalmente, a função de complementaridade, uma vez que o mercado colonial consumia, obrigatoriamente, os produtos manufaturados metropolitanos ou os que chegavam às colônias pelos comerciantes das metrópoles.
            Logicamente, essas características maximizavam os lucros dos comerciantes metropolitanos que detinham o monopólio (concedido pelo Estado) do comércio colonial, os quais revendiam as mercadorias no mercado europeu, obtendo altos lucros. O intervencionismo estatal se efetivou sob forma de protecionismo e de regulamentação da atividade econômica. 
            No que diz respeito aos portugueses e espanhóis, uma forma de mercantismo comum ficou conhecida como metalismo, a qual visava, por intermédio da intervenção estatal, impedir a saída dos metais preciosos saqueados, tributados e extraídos de suas colônias na América. Essa forma de aplicação das práticas mercantilistas fortaleceu o sistema econômico de seus países.
            Os mecanismo de acumulação foram vários e não podem ser dissociados da expropriação dos trabalhadores, que se acelerou na época moderna. Esse processo histórico não ocorreu no mesmo ritmo nos diversos países europeus, tendo sido mais intenso na Inglaterra. Além disso, o monopólio comercial, ou “exclusivo comercial”, pedra angular das práticas mercantilistas, foi um dos principais elementos que possibilitou a acumulação nas áreas metropolitanas.

O Renascimento

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O homem em todas as suas dimensões 
             A crise geral do século XIV foi também uma crise espiritual, a qual trouxe consigo uma profunda inquietação intelectual, caracterizada pela busca de uma nova visão do homem, de Deus e do Universo, além da necessidade de uma profunda renovação cultural que, em linhas gerais, rompesse com as concepções medievais. Nesse contexto histórico, emergiu um amplo movimento intelectual, filosófico, artístico, literário e científico, que teve suas origens nas repúblicas italianas e que alcançou a sua plenitude nos séculos XV e XVI. Esse movimento ficou conhecido como Renascimento e procurou regatar a Antiguidade Clássica e os valores da cultura greco-italiana.
            A expressão renascimento foi popularizada em meados do século XVI, quando o artista (escritor, pintor e escultor) Giorgio Vasari, publicou sua obra Vidas dos Mais Excelentes Pintores, Escultores e Arquitetos, em 1550. Essa expressão, no entanto, deve ser necessariamente questionada, uma vez que pressupõe um preconceito em relação aos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e a própria época dos renascentistas. Assim, a visão deturpada – e que foi amplamente divulgada – sobre a Idade Média, como um período de trevas, superstições, misticismo e ignorância, deve-se a muitos dos intelectuais do Renascimento.
            De qualquer forma, o Renascimento pode ser entendido como o florescimento de um longo processo histórico desencadeado desde a Baixa Idade Média. Foi a riqueza gerada pelas atividades comerciais, notadamente nas repúblicas italianas, que possibilitou o financiamento da produção cultural renascentista. Como observou Nicolau Sevcenko: “o Renascimento, portanto, é a emancipação da riqueza e da abundância e seus maiores compromissos serão para com ela”.

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No Renascimento existia a busca incessante pelo conhecimento. 

            No que diz respeito ao termo Humanismo, como intelectuais comprometidos com uma nova visão do homem e do universo, foi difundido no século XV. No entanto, desde o século XIV, já era perceptível uma crescente insatisfação por parte de estudiosos com as concepções dogmáticas e hierárquicas e com os valores culturais vinculados à Igreja, até então dominantes.
            Os humanistas, em sua maioria nascidos nas repúblicas italianas, buscavam uma revitalização e uma laicização cultural, condições essenciais à uma efetiva emancipação do espírito humano da tutela a que estivera submetido pelos eclesiásticos durante o período medieval. Aliás, estes, no período citado, eram os únicos detentores do saber oficial (saber teológico), a ponto de a palavra clérigo designar não apenas aquele que pertencia a uma ordem religiosa, como também o que possuía a autoridade e, portanto, na concepção medieval, o conhecimento, contrapondo-se aos leigos.
            O humanismo pode, então, ser entendido como um amplo movimento que tinha como finalidade atualizar e dinamizar os estudos tradicionais, com ênfase na crítica, na filosofia, na história, na matemática e no estudo dos clássicos. Enfim, preocupava-se, fundamentalmente, com os estudos humanos – estudia humanitatis. Para os humanistas, era preciso resgatar a cultura greco-romana, uma vez que para eles as civilizações grega e romana eram entendidas como aquelas que mais teriam valorizado o ser humano em suas várias dimensões.
            O resgate dos clássicos pelos humanistas não se traduziu numa simples cópia do que os antigos gregos e romanos haviam realizado. Grécia e Roma foram referência e modelos que deveriam ser retomados à luz do contexto histórico do Humanismo. A expressão humanista nas artes, na literatura, na filosofia e na ciência foi o “impulso dinâmico”, centrado na máxima valorização do homem e de suas realizações, que levou às várias criações do movimento renascentista.
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Leonardo da Vinci
            Essa vinculação entre o Humanismo, entendido como uma redescoberta da  capacidade infinita de criação do homem, o Renascimento foi bem explicitada por Leonardo da Vinci (1452-1519), considerado por muitos autores como o “homem síntese” do movimento renascentista. Leonardo da Vinci; pintor, escultor, arquiteto, inventor, engenheiro, desenvolveu também estudos de Anatomia Humana, Óptica, Mecânica, Cartografia, Física, Hidráulica e Urbanismo. A multiplicidade de seu gênio criativo refletiu com bastante nitidez o ideal humanista, fundamento básico do movimento renascentista.
            É importante considerar que os humanistas procuravam valorizar o que havia de divino nos homens, impulsionando seu potencial para criar, agir sobre a natureza e, dessa maneira, transformar o mundo de acordo com a sua própria vontade. O homem era, assim, elevado à condição de criador (antropocentrismo), deixando de ser entendido como simples criatura subordinada à vontade de Deus (teocentrismo), concepção dominante na Idade Média.

            À época do Renascimento, a Itália existia apenas como uma expressão geográfica e cultural. Sua unidade política, diferentemente do que ocorrera com outros países europeus, gerando um ambiente propício para o surgimento do renascimento. Por fim, surgiu também a figura dos mecenas, nobres e burgueses que patrocinavam a arte e a cultura renascentista. Eles buscavam conquistar um destaque na sociedade em que faziam parte e, para isso, era fundamental ser um patrocinador de uma cultura inovadora para a época.  

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