quarta-feira, 2 de março de 2016


 O fenômeno Nazista

         Para entendermos os acontecimentos de 1939 a 1945, período em que o mundo assistiu a uma guerra avassaladora, é preciso debater acerca das consequencias da Grande Primeira Guerra (1914-1918). Vale frisar que surgiram, após o primeiro conflito, alguns movimentos nacionalistas, que modificaram as relações de poder no continente europeu. Esses movimentos, chamados também de totalitários, procuraram governar baseados no sentimento de revanchismo do povo derrotado nas batalhas. Contribuiu para isso o Tratado de Versalhes, onde os alemães foram os únicos responsabilizados pela guerra. Juntando-se à Alemanha de Adolf Hitler, temos também a Itália de Benito Mussolini. Juntos, ambos mobilizaram suas respectivas nações em torno de um objetivo comum, que era reestruturar seus países, em desrespeito aos acordos estabelecidos após a 1ª Guerra Mundial.
         Vários fatores contribuíram para o início da Segunda Grande Guerra. Um deles foi o nacionalismo exacerbado, onde existia uma valorização extrema de seus países na busca pelo avanço e desenvolvimento. Com isso, os alemães e italianos criaram um sofisticado aparelho de repressão, perseguindo quem representasse ameaça ao poder do “Grande Líder” da nação.
         Outro fator de destaque para se entender os motivos que culminaram no conflito foi a crise econômica de 1929, que levou à falência vários países do mundo. Os EUA, que vendeu suas mercadorias aos países envolvidos na Primeira Guerra, se encontraram desorientados em decorrência da falta de mercado para seus produtos. Com isso, houve uma superprodução de bens primários e eletrodomésticos. Todavia, os trabalhadores não possuíam dinheiro para comprar essas mercadorias. A crise econômica norte-americana atingiu quase todos os páises do mundo, que dependiam economicamente dos EUA. O Brasil, que vendia o café para os norte-americanos também foi drasticamente afetado. O único país que não foi atingido pela crise foi a URSS, que adotara, desde 1917, o comunismo como regime político.
          A situação de crise econômica serviu para agravar ainda mais o panorama sócio-econômico dos países que saíram arrasados da Primeira Grande Guerra. Isso acabou dando espaço para que os movimentos de concentração de poder nas mãos de uma única pessoa se fortalecessem (o totalitarismo). Esses movimentos, que proferiam discursos aparentemente democráticos, buscavam construir um Estado forte e autoritário. Vale enfatizar que os ditadores, Mussolini e Hitler, tiveram amplo apoio da população, que procurava alguma liderança em meio ao caos político e econômico.
         Analisando o movimento alemão, o nazismo, algumas características se tornam relevantes de se destacar. O caso mais emblemático foi o genocídio de quase seis milhões de judeus. Para Hitler, os seguidores do judaísmo eram impuros, além de prejudicarem o desenvolvimento da Alemanha. Vale ressaltar que para o ditador alemão seu país deveria ser ocupado somente por uma “raça”, a ariana. Com isso, milhões de pessoas foram massacradas pelo aparelho repressor orquestrado por Hitler. Porém, devemos frisar que não foram apenas os judeus os perseguidos, os comunistas, os ciganos, homossexuais e negros também sofreram com a repressão hitlerista.
         Um dos mecanismos encontrado pelos nazistas foi a propaganda, onde existia a preocupação em mobilizar a nação em torno de um ideal, a crença da superioridade de sua “raça”. Com isso, objetivando controlar a produção cultural do país, o governo procurou queimar em praça pública, livros ou revistas que propunham uma ideologia contrária à concepção nazista. Vale destacar que o nazismo acabou se expandindo para vários países da Europa, contribuindo decisivamente para a reformulação geográfica e política do continente.

“Se os judeus fossem os habitantes exclusivos do mundo não só morreriam sufocados em sujeira e porcaria como tentariam vencer-se e exterminar-se mutuamente, contanto que a indiscutível falta de espírito de sacrifício, expresso na sua covardia, fizesse, aqui também, da luta uma comédia (...). O povo que o hospeda, vai se exterminando mais ou menos rapidamente. Assim viveu o judeu, em todos os tempos, nos Estados alheios, formando ali seu próprio Estado, que costumava navegar em paz, até que circunstâncias exteriores desmacarassem por completo seu aspecto velado de ‘comunhão religiosa’”.
(HITLER; Adolf. Mein Kampf. 1923).

         A característica principal dos nazistas foi a perseguição empreendida contra as chamadas “raças impuras”. Em 1935, com a finalidade de perseguir os judeus, o governo alemão criou um conjunto de leis chamado de “as leis de Nuremberg”, também conhecida como “procure sua avó judia”. Em outras palavras, o Estado alemão não admitiria que o povo judeu residisse no país.
         Outra peculiaridade desse movimento foi a implacável perseguição contra os deficientes físicos. Utilizando o pretexto de cuidar das pessoas portadoras de necessidades especiais, o governo levava-os para serem tratados em clínicas especializadas. Contudo, poucas semanas depois, a família recebia um comunicado afirmando que o parente acabara de falecer. Para os nazistas, a chamada “raça ariana” não poderia admitir tais anomalias.
         Com esse discurso racista e preconceituoso quanto ao desenvolvimento das chamadas “classes minoritárias”, Hitler conseguiu mobilizar a Alemanha e construir um poderoso Estado, capaz de combater as principais nações da Europa, como a França, a Inglaterra e a Rússia. O ditador alemão investiu na formação do exército e na compra de sofisticadas armas de destruição em massa. O cenário de guerra, mais uma vez estava armado, faltava apenas o pretexto para a eclosão dos conflitos. Vale destacar que em todo o mundo surgiram movimentos de adesão ao nazi-fascismo, inclusive no Brasil com a AIB (Ação Integralista Brasileira). Vale ressalvar que, objetivando combater tal movimento, o comunismo também se mobilizou no sentido de encontrar uma maneira de inviabilizar o fortalecimento da ideologia alemã. O exemplo disso foi a formação, no Brasil, da ANL (Aliança Nacional Libertadora), que propunha estruturar uma revolução comunista no país.
         Desde que assumiu o comando da Alemanha, o objetivo de Hitler foi fortalecer seu Estado e retirá-lo da situação de crise em que se encontrava. Com isso, o ditador procurou fabricar armamentos potentes, reestruturar o exército e expandir seu território, o chamado “espaço vital” da Alemanha. Essa postura de Hitler contrariava as determinações do Tratado de Versalhes. Em pouco tempo o ditador conseguiu fazer com que a Alemanha voltasse a ser uma grande nação, provida de recursos bélicos sofisticados, criando condições de enfrentar os principais países do continente europeu.
         Devemos destacar que essa conveniência das principais potências européias tinha o objetivo de impedir que o comunismo soviético se espalhasse pelo velho continente. Entretanto, somente o primeiro-ministro britânico Winston Churchill que, mesmo sendo contra a ideologia comunista, alerta para o perigo que o nazismo representava para a humanidade e para a configuração geopolítica do continente. Churchill ficou marcado pelas suas frases e sua linha de raciocínio inovador para a época. Como exemplo, podemos citar seu pensamento sobre a questão do regime político e a forma de governo que deveria ser adotado pelas nações ocidentais: “A democracia é a pior forma de governo, mas ainda melhor do que todas as demais formas que tem sido experimentadas de tempos em tempos”.
        


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