O cientista político Alberto Carlos Almeida, autor dos livros A Cabeça do
Brasileiro e A Cabeça do Eleitor, vê o imbróglio
do clã Bolsonaro trazido a público através das revelações do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre as movimentações
financeiras altamente suspeitas do deputado estadual e senador eleito
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz,
como uma grande oportunidade para o ministro da Justiça Sérgio Moro combater a
corrupção: "Ela está ao seu lado, no governo a que ele pertence. Ele pode
entrar para a história se, como ministro da justiça, agir para facilitar a
investigação do filho do Presidente. Vai lá Sérgio Moro!!!", escreveu
Almeida.
Reuters - Novo documento do Conselho de Controle
de Atividades Financeiras (Coaf) mostrou depósitos em dinheiro no valor de
quase 100 mil reais na conta do deputado estadual e senador eleito Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ) no período de um mês, segundo reportagem do Jornal Nacional
nesta sexta-feira.
Segundo o JN, foram 48 depósitos, no valor de 2 mil reais cada, entre
junho e julho de 2017. Vários dos depósitos foram feitos em poucos minutos,
concentrados no posto de autoatendimento na Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro (Alerj).
O Coaf, segundo a reportagem, apontou que não foi possível identificar
quem fez os depósitos, mas que o fato de serem vários depósitos do mesmo valor
sugerem tentativa de ocultar a origem do dinheiro.
O Ministério Público do Rio de Janeiro havia pedido relatórios para o
Coaf de assessores parlamentares da Alerj. Um ex-assessor de Flávio, Fabrício
Queiroz, é investigado pelo MPRJ por movimentações atípicas identificadas pelo
Coaf no valor de 1,2 milhão de reais.
A reportagem do JN afirma que o MPRJ pediu para o Coaf ampliar o
levantamento para movimentações dos deputados estaduais fluminenses porque há
suspeitas de que funcionários devolvessem parte dos salários aos parlamentares.
Segundo nota do MPRJ divulgada nesta sexta-feira, Flávio, que é filho do
presidente Jair Bolsonaro, não é investigado.
Decisão
do presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux,
suspendeu a investigação sobre Queiroz.
Queiroz foi convidado duas vezes para prestar esclarecimentos no MP do
Rio de Janeiro, mas não compareceu alegando problemas de saúde. A família dele
também foi chamada para esclarecer a movimentação atípica de mais de 1,2 milhão
de reais entre 2017 e 2018, mas não apareceu na data marcada.
Flávio Bolsonaro também não compareceu a um depoimento, mas havia
prometido marcar uma nova data. Por ter prerrogativa de foro, ele podia acertar
com os promotores uma data para se apresentar e dar seus esclarecimentos. O
parlamentar usou sua conta em uma rede social para justificar a ausência e
argumentou que não teve acesso ao processo.
Em dezembro, Queiroz afirmou em entrevista ao SBT que entre suas
atividades está a de revenda de carros. Ele disse que ganhava cerca de 10 mil
reais por mês quando fazia assessoria a Flávio Bolsonaro e que seus rendimentos
mensais eram de cerca de 24 mil reais, incluindo remuneração como policial.
De acordo com o relatório do Coaf, entre a movimentação suspeita de Queiroz
de 1,2 milhão de reais estavam depósitos à hoje primeira-dama, Michelle
Bolsonaro.
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