Com
os investimentos do Plano Marshall, a maioria dos países da Europa Ocidental
recuperou rapidamente sua economia e entrou numa era de prosperidade. Os investimentos
públicos em maquinaria, infraestrutura e indústrias foram priorizados, o
comércio internacional incrementou-se e os padrões de consumo cresceram, quase
alcançando os dos EUA. Além disso, a crescente oferta de empregos nas cidades
impulsionou a imigração para a Europa. Como consequência, houve uma explosão
demográfica, que transformou a Europa Ocidental em uma região repleta de jovens
nas décadas de 1950, 1960 e 1970.
O
crescimento também propiciou consideráveis transformações no comportamento e
nos padrões de consumo da sociedade europeia. O trabalhador não apenas
fabricava artigos, mas também passou a ter condições de compra-los. A maioria
das casas da classe média agora estava equipada com aparelhos de rádio,
televisão, geladeira, máquinas de lavar roupas etc. Os automóveis, que eram
considerados itens de luxo até os anos 1950, começaram a ser fabricados em
quantidades cada vez maiores nas décadas seguintes.
O
comportamento dos jovens também se transformou nesse período. A roupa era um
importante item de formação de independência e rebeldia, e os filmes e a
música, principalmente o pop e o rock and roll, passaram a ser bastante
consumidos. Esse estilo de vida, o American Way of Life, representava na Europa
Ocidental a prosperidade e a juventude.
Na
União Soviética e no Leste Europeu, por sua vez, predominava um estilo de vida
marcado pelo Realismo Socialista, que gloriava o regime soviético, a vida
simples e feliz do trabalhador, e associava o capitalismo ao narcotráfico, à
corrupção e à decadência humana. Essas características estavam presentes nas
propagandas do governo, nas artes plásticas e no cinema. Nesse aspecto, a arte
abstrata e os diversos gêneros musicais, como o jazz e o pop, foram proibidos
nos países sob a influência da União Soviética. Com a morte de Stálin e a
ascensão de Nikita Kruschev, em 1953, houve um relativo afrouxamento da censura
e o surgimento de um espaço para a crítica cautelosa. Mesmo assim, a
perseguição àqueles que contrariavam o regime continuou, assim como os campos
de trabalho forçado (gulags), em que viviam milhares de presos políticos.
Nikita Kruschev |
No
entanto, se de um lado o regime soviético violava as liberdades democráticas
básicas, de outro, os investimentos em educação, moradias e na saúde resultaram
em uma mão de obra altamente qualificada, em todos os níveis, e no aumento da
expectativa de vida da população soviética e do Leste Europeu.
Mesmo
com o crescimento econômico após a Segunda Guerra Mundial, uma série de
manifestações sociais eclodiram tanto no bloco capitalista como nos países sob
a influência da União Soviética.
Na
década de 1950, por exemplo, surgiu um fenômeno nos EUA conhecido como
contracultura. De acordo com alguns estudiosos, não havia unidade no movimento
contracultural nem uma definição muito clara sobre o que ele era ou
representava. Composto basicamente de diferentes grupos de jovens, o movimente
pretendia criar uma cultura alternativa àquela então aceita pela sociedade. Os jovens
combatiam a ordem tecnocrática, priorizavam o prazer e a experimentação,
condenavam a guerra e buscavam novas formas de sensibilidade e expressão. A rebeldia,
uma moda irreverente, o rock and roll, a liberdade sexual e a crítica à
sociedade de consumo fizeram parte dessa geração.
A
contracultura atingiu seu auge durante a Guerra do Vietnã, quando milhares de
norte-americanos saíram às ruas para pedir o fim da guerra. Nesse mesmo
período, o movimento feminista e a luta dos negros nos Estados Unidos por
direitos civis ganharam grande impulso.
Imagens referentes ao período considerado o auge da contracultura |
Na
França, podemos destacar o movimento Maio de 1968, quando protestos realizados
pelo movimento estudantil por melhorias na educação do país transformaram-se em
uma grande mobilização social. Trabalhadores de diversas categorias juntaram-se
aos estudantes e entraram em greve, paralisando a cidade de Paris.
Na
Europa Oriental, no mesmo ano, destacou-se a Primavera de Praga, ocorrida na
Tchecoslováquia. O movimento iniciou-se com as manifestações da juventude, que
tomou as ruas de Praga exigindo democracia. As pressões sociais contribuíram
para a eleição de Alexander Dubcek como dirigente da Tchecoslováquia. Comunistas
de linha reformista, Dubcek iniciou um programa político para democratizar o
socialismo tcheco. Temendo perder o controle sobre a Tchecoslováquia, a União Soviética
invadiu o país, reprimindo duramente a resistência de estudantes e
trabalhadores.
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