terça-feira, 15 de maio de 2018

A Crise econômica de 1929


        Primeiro porque seu território não foi atingido pela guerra; segundo porque o conflito lhe trouxe riqueza e prosperidade: vendendo armas, alimentos e matérias-primas durante o conflito, os EUA conseguiram acumular imensos capitais. De maior devedor antes da Primeira Guerra Mundial, passaram a ser o maior credor mundial, ao final do conflito.
        Nos anos 1920, os EUA tinham se transformado na maior economia do mundo e progrediam a passos largos. A confiança nessa prosperidade, a facilidade aberta pela compra à prestação e a força da propaganda levavam estadunidenses a consumir cada vez mais.
        Os meios de comunicação de massa diziam que consumir era um ato de patriotismo; por isso, era importante que cada família tivesse o último modelo de máquina de lavar, fogão, toca-discos, aspirador de pó e rádio produzido nos Estados Unidos. Consumir, sempre e cada vez mais, era a essência do estilo de vida estadunidense (American Way of life)
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A concentração de renda nos EUA foi uma das causas da Crise de 1929
        O boom econômico estadunidense nos anos 1920 foi acompanhado por uma febre de especulação na Bolsa de Valores de Nova York. A partir de 1927, pequenos, médios e grandes investidores passaram a aplicar suas economias ou sobras em ações que, na época, muitos acreditavam ser a melhor forma de ganhar dinheiro sem fazer esforço. O fato é que, desde aquela data, os preços das ações vinham disparando.
        Contagiados pela febre do lucro fácil, muitos empresários especulavam aumentando artificialmente os preços das ações de suas empresas, estimulando com isso a corrida às bolsas de valores. Depois de uma alta espetacular no primeiro semestre de 1929, os preços não correspondiam mais, nem de longe, à real situação das empresas; mesmo as que se encontravam “no vermelho” viram as cotações de suas ações subirem muito acima do esperado.
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        Até que, em dado momento, percebendo que o valor de suas ações tinha subido exageradamente, milhares de investidores começaram a oferecê-las à venda. E, como não havia compradores para elas em número suficiente, os preços desabaram, atingindo os piores níveis na terça-feira, 29 de outubro, dia do crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York. O fato marcou o início da maior crise da história do capitalismo, que ficou conhecida como Grande Depressão.
        Com a queda da bolsa, houve uma corrida aos bancos para a retirada das economias, o que os levou a fecharem suas portas. Entre 1929 e 1932, verificou-se a falência de 3. 463 bancos e de 84 mil indústrias. Outras indústrias diminuíram drasticamente sua produção. Consequentemente, milhões de estadunidenses conheceram o desemprego e, em pouco tempo, a mendicância e a fome. Uma particularidade da crise nos EUA foi o extraordinário aumento de crédito ao consumidor. Quando ela se instalou, milhões de pessoas deixaram de pagar suas prestações. O desdobramento mais terrível da Grande Depressão para os assalariados foi o desemprego, que atingiu níveis altíssimos e sem precedentes na história do capitalismo, em vários países do mundo.
        É consenso entre a maioria dos estudiosos que a concentração de riquezas nas mãos de poucos, a compressão dos salários, o aumento constante do ritmo de produção industrial e agrícola e a concorrência europeia no mercado internacional fizeram que houvesse muito mais mercadorias à venda do que pessoas com capacidade de compra, configurando-se, assim, uma crise de superprodução.
        A Grande Depressão repercutiu mundialmente. Os EUA cortaram os investimentos externos, suspenderam os empréstimos a outros países e reduziram suas importações, afetando a muitos, inclusive o Brasil. Com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, os EUA, o nosso maior comprador de café, praticamente paralisaram suas compras – desse e de outros produtos primários. Os estoques aumentaram, os preços caíram drasticamente arruinando cafeicultores e deixando milhares sem emprego.
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Franklin Delano Roosevelt
        Com a promessa de livrar o país da crise, o candidato democrata às eleições de 1932, Franklin Delano Roosevelt, venceu com folga, obtendo mais de 7 milhões de votos sobre o segundo colocado.
        Sua equipe econômica aderiu às ideias do economista britânico John Keynes, que se opunha ao liberalismo econômico e defendia a intervenção do Estado na economia, por meio de investimentos públicos. Keynes acreditava que se o Estado investisse pesadamente na economia, seria possível elevar s níveis de renda e de emprego.
        No poder, Roosevelt lançou o New Deal (Novo Acordo), um audacioso plano de intervenção e planejamento do Estado na economia, que previa:
·       Investimento de 4 milhões de dólares em obras públicas: de fato, o dinheiro foi aplicado na construção de usinas hidrelétricas, hospitais, escolas, aeroportos, portos, represas;
·       Limitação da produção industrial às necessidades reais dos consumidores: essa medida pretendia elevar os preços dos produtos industriais, rebaixados pela crise;
·       Diminuição da jornada de trabalho, fixação de um salário digno para os trabalhadores, seguro-desemprego e seguro-velhice para os maiores de 65 anos.
Com esse conjunto de medidas, houve aquecimento da economia, foram criados milhões de novos empregos, os salários recuperaram parte do seu poder de compra e, a partir de 1933, a renda nacional voltou a crescer.

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