domingo, 15 de maio de 2016

A formação das Treze Colônias

Mapa das Treze Colônias
            As colônias ingleses na América progrediram de formas diferentes, em seus aspectos político e econômico. As do centro-norte desenvolveram-se com base na pequena propriedade, na produção de manufaturas e no comércio que envolvia a América do Norte, a África e as Antilhas (comércio triangular). No que concerne às colônias do sul prosperam a forma econômica conhecida como plantation, ou seja, trabalho exercido pelos escravos, onde se cultivava apenas um único produto e era voltado para o mercado externo.
            Deve-se enfatizar que essas diferenças refletiam-se no relacionamento dessas áreas com a metrópole. Em outras palavras, enquanto o centro-norte foi se desenvolvendo com certa independência econômica e financeira, o sul evoluiu mantendo estreita dependência da Inglaterra.
            No sentido político, as Treze Colônias desenvolveram-se com grande autonomia política. Cada colônia tinha sua assembleia, que era encarregada de elaborar leis, votar orçamento e administrar os impostos arrecadados. Assim, desde cedo os colonos americanos desenvolveram hábitos e sentimentos de liberdade em relação à metrópole.
            Todavia, a situação começaria a mudar no século XVII, quando o regime político conhecido como monarquia parlamentar consolidou-se de uma forma sistemática, concedendo aos burgueses (grandes comerciantes) uma força significativa. No entanto, a burguesia inglesa via os comerciantes e donos de manufaturas norte-americanos como concorrentes, uma vez que as mercadorias produzidas no centro-norte da América concorriam com as inglesas no mercado externo.
Representação da Guerra dos Sete Anos
            Em 1756 teve início a Guerra dos Sete Anos, que opôs a França e a Inglaterra em  decorrência de disputa por territórios na América do Norte. Os ingleses saíram vitoriosos no conflito. Derrotada na Europa e na América, a França teve de ceder para a Inglaterra possessões na América do Norte e nas Antilhas.
            Para recuperar-se financeiramente da Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra elevou os impostos, proibiu novas fábricas nas colônias e criou uma série de leis prejudiciais aos colonos americanos. A primeira lei criada ficou conhecida como Lei do Açúcar, que aumentava os impostos sobre o açúcar, artigo de luxo. Também obrigava os colonos a comprar o melaço das Antilhas inglesas. Antes os colonos compravam melaço de quem vendesse mais barato. Outra lei criada foi a Lei do Selo, que dizia que todos os contratos, jornais, cartazes, cartas e certidões que circulavam na colônia deviam receber um selo, comprado do governo inglês.
            A reação dos colonos foi violenta: invadiram as agências postais e queimaram os maços de selos. Inspirados nas ideias do iluminista John Locke, iniciaram uma campanha com o lema: “Sem representação não pode haver tributação”, isto é, eles se recusavam a pagar impostos por não terem sido consultados anteriormente. Além disso, na cidade de Boston, a casa do governador foi atacada.
            A tensão entre o governo e os moradores das Treze Colônias aumentou ainda mais quando, em 1773, a Coroa entregou à Companhia das Índias Orientais o controle sobre a venda do chá para as colônias. A reação foi rápida: cerca de 150 colonos, disfarçados de índios, invadiram três navios ingleses no porto de Boston e atiraram o chá ao mar. O episódio ficou conhecido como Festa de Chá em Boston.
            Em resposta, à manifestação, a Inglaterra decretou em 1774 um conjunto de leis que os americanos denominaram Leis Intoleráveis. A principal delas determinava o fechamento do porto de Boston até que os colonos pagasse os prejuízos causados com o derramamento do chá no mar. Além disso, todos os colonos envolvidos em atos de rebeldia contra a Inglaterra seriam julgados por tribunais ingleses.
            Como reação às Leis Intoleráveis, os colonos organizaram, naquele mesmo ano, o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia. Nesse encontro, os representantes das colônias escreveram ao rei da Inglaterra um protesto contra aquelas leis. O documento mostra uma forte influência das ideias iluminista de John Locke, que era defensor do direito à rebelião – ou seja, quando o governo não garantisse aos cidadãos os seus direitos naturais, eles tinham o direito e o dever de derrubá-lo.
             A Inglaterra respondeu aumentando o número de soldados na colônia. Quando essas forças militares tentaram destruir um depósito de armas dos colonos teve início a Batalha de Lexington, a primeira guerra pela independência. Os representantes das colônias reuniram-se então no Segundo Congresso Continental da Filadélfia para discutir a situação. Os congressistas estavam divididos: uns queriam a independência, outros não.
George Washington
             O congresso acabou optou pela separação: conclamou os cidadãos a pegar em armas e nomeou George Washington comandante das tropas norte-americanas. Em 4 de Julho de 1776 ficou pronta a Declaração de Independência, da qual Thomas Jefferson é o principal autor. As colônias declararam-se “livres e independentes” da Inglaterra.
            Contudo, a guerra foi difícil e demorada, onde os “patriotas” travaram batalhas violentas contra os “jaquetas-vermelhas”, apelido dos soldados ingleses. A virada começou quando os colonos conseguiram vencer a difícil Batalha de Saratoga (1777). Essa vitória americana atraiu o apoio europeu: França, Espanha e Holanda – antigas rivais da Inglaterra – passaram a ajudar os rebeldes com armas, soldados e dinheiro.
            Com a ajuda dos franceses, os colonos norte-americanos conseguiram vencer a batalha decisiva: Yorktown (1781), na Virgínia, mas somente em 1783, pelo Tratado de Paris, a Inglaterra reconheceu a independência das Treze Colônias. Era o primeiro país da América a tornar-se independente.
            Os Estados Unidos estavam livres. Era preciso agora organizar o novo país, definindo os direitos e deveres dos cidadãos. A Constituição definia os Estados Unidos como uma república federalista e presidencialista. Federalista porque as ex-colônias, que passaram a ser Estados, ganharam autonomia para criar leis próprias, organizar forças militares e até mesmo pedir empréstimos no exterior. Os poderes, seguindo a teoria de Montesquieu, ficaram divididos em Executivo, Legislativo e Judiciário.
            Logo no início da Constituição americana lê-se “Nós, o povo dos Estados Unidos...” Será mesmo que nesse coletivo povo estavam incluídos todos os americanos de então? A resposta é não, a começar dos indígenas. Para os indígenas, a independência traria prejuízos, pois, a partir de então, os agricultores, criadores de gado e comerciantes de pele norte-americanos avançaram sobre as terras indígenas a oeste de Mississipi.

            Além disso, para os descendentes dos africanos, a independência nada significou. Os negros escravizados continuaram na mesma condição: a escravidão durou ainda mais de cem anos. As mulheres, por sua vez, não ganharam o direito de voto. Na prática, portanto, a expressão “Nós, o povo dos Estados Unidos...” referia-se apenas aos homens adultos e brancos que possuíssem certa renda. A maioria do povo teria de lutar muito tempo ainda para conquistar a cidadania plena.

Thomas Jefferson
Batalha de Saratoga
Representação da Independência norte-americana
Batalha de Yorktown

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