domingo, 10 de abril de 2016

O processo de colonização no Brasil

            Diante das investidas colonizadoras dos países ibéricos (Espanha e Portugal) sobre o Brasil, outras nações europeias iniciaram suas viagens marítimas. Com isso, o poder absoluto que os portugueses exerciam sobre suas terras começou a ser ameaçado. Nações como França e Holanda se fizeram presentes, consolidando, por um tempo determinado, sua dominação sobre o Brasil.
            No que diz respeito aos franceses que, sobremaneira, não respeitavam o Tratado de Tordesilhas (acordo que dividia a América entre Portugal e Espanha), fizeram suas incursões no Brasil em meados do século XVI, interessados, principalmente no comércio do pau-brasil. Com isso, eles conseguiram se estabelecer, sob liderança do almirante Villegaignon, no território do atual Estado do Rio de Janeiro, participando ativamente de seu comércio. (Criação da França Antártica).
            Além do fator econômico existiam questões religiosas que fizeram com que os franceses viessem ao Brasil. Os franceses protestantes (chamados huguenotes), estavam sofrendo perseguição. Milhares de pessoas foram assassinadas em decorrência da intolerância do rei francês. Portanto, a vinda dos franceses ao Brasil representava a oportunidade de fundar uma colônia onde imperaria a liberdade religiosa, além da possibilidade de se conquistar vantagens financeiras.
Ilustração sobre a Confederação dos Tamoios
             Porém, os franceses desagradaram aos próprios colonos e, além disso, despertaram a desconfiança dos portugueses também. Com isso, aconteceram diversos conflitos envolvendo os países europeus e também diversas comunidades indígenas. Portanto, se formou a Confederação dos Tamoios, união entre os franceses e os  indígenas goitacás e os aimorés, que habitavam o interior contra os portugueses. Os planos das nativos era conseguir expulsar os portugueses do Brasil e acabar com a escravização que sofriam.
            Porém, os jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, sempre envolvidos com a administração portuguesa, promoveram uma negociação de paz com os indígenas em troca da entrega dos reféns de guerra. Portanto, o chefe tamoio Cunhambebe passou para o lado dos portugueses, fundando em 1567 a povoação de São Sebastião do Rio de Janeiro. Contudo, as lutas decisivas somente aconteceram em 1567, em que os portugueses colocaram fim à França Antártica.
         Um dos fatos marcantes na história da Espanha e de Portugal foi o episódio conhecido como União Ibérica, (União entre Portugal e Espanha). Com a morte de Dom Sebastião, não tinha herdeiros diretos para assumir o seu lugar. Contudo, Filipe II, rei da Espanha e neto de Dom Manuel I de Portugal, uniu as coroas portuguesa e espanhola. Deve-se ressaltar que após esse episódio todas as colônias que antes pertenciam aos portugueses passaram para a Espanha. Os tratados comerciais, envolvendo a produção açucareira, mudaram de sentido e significado.
              Os holandeses tinham boas relações comerciais com o Brasil, porém, com a União Ibérica, os espanhóis passaram a controlar o comércio do país. Todavia, o rei espanhol Filipe II proibiu o Brasil de comercializar com os holandeses, pois eram rivais no continente europeu. Diante disso, os holandeses decidiram invadir o nordeste do Brasil e estabelecer uma colônia voltada para o comércio e produção de açúcar (chamado de “ouro branco”).
Maurício de Nassau
           Desde o início da ocupação, os holandeses fizeram de Olinda sua base para a expansão militar. Dominaram e exerceram o controle de diversas regiões no nordeste do Brasil, reformulando suas relações com a população local. No início do século XVII, a Companhia das Índias Orientais (criada com a finalidade de ocupar entrepostos comerciais na África, na Ásia e na América). Com isso, a Companhia enviou o conde José Maurício de Nassau ao Brasil que, sobremaneira, aumentou a ampliação do território brasileiro.
          Deve-se ressaltar que Nassau incentivou a vinda de engenheiros, naturalistas e artistas que investigaram a fauna e flora brasileira, que contribuiu para a urbanização de Recife. Sua administração fez com que a cidade se tornasse uma das mais importantes da América, com modernas pontes, jardins e palacetes. Além disso, sob o seu comando, ele incentivou os colonos a retomarem o trabalho nos canaviais, concedeu empréstimos aos proprietários e leiloou os engenhos abandonados.
Ilustração referente à guerra no Monte Guararapes
           Contudo, com o passar o tempo algumas divergências entre a Companhia das Índias Orientais e o conde Maurício de Nassau se tornaram flagrantes, mudando o rumo presença holandesa no Brasil. Enquanto o primeiro queria muitos lucros, o segundo desejava promover a estabilidade da presença holandesa no país. Os conflitos entre ambos acabou resultando na expulsão de Nassau e em seu retorno para a Europa, em 1644. A sua saída do Brasil provocou o descontentamento da população, uma vez que o seu sucessor cobrou as dívidas dos colonos e suspendeu a concessão de empréstimos.
            Porém, houve uma queda do preço do açúcar no Brasil, que provocou uma séria crise na economia. Além disso, os senhores de engenho pretendiam se livrar dos holandeses que exigiam o pagamento das dívidas e, sobretudo, os proprietários de engenho que se refugiaram na Bahia buscavam reaver suas propriedades. Portanto, em 1645, os colonos se insurgiram contra a presença dos holandeses no Brasil. Os mais relevantes combates aconteceram nos montes Guararapes, que terminou com a vitória dos luso-brasileiros, colocando um ponto final no governo holandês no Brasil.
          No que concerne à colonização portuguesa no Brasil, a descoberto do ouro aumentou o controle por parte das autoridades lusas. Uma das práticas de contrabando comum entre os mineradores era a utilização das santas do pau oco (santas que eram ocas por dentro onde os escravos e mineradores roubavam o ouro das autoridades portuguesas). Com o objetivo de evitar o contrabando, os portugueses criaram as chamadas Casas de Fundição, locais para onde o ouro era levado para ser transformado em barras, que recebia o símbolo da coroa portuguesa.
           Vários impostos foram criados para aumentar a arrecadação. Um deles era chamado de quinto, ou seja, a quinta parte do ouro arrecadado deveria ser entregue na forma de imposto. Outro importante imposto ficou conhecido como capitação, em que todos os donos de minas deveriam pagar por escravos trabalhando, (mais ou menos 17 gramas de ouro por escravo).
             Diante da descoberta de ouro, houve o que ficou conhecido como “febre do ouro”, ou seja, várias pessoas vieram para Minas Gerais em busca de riqueza fácil. Os paulistas afirmavam que eles tinham o direito de explorar sozinhos o ouro encontrado. Várias pessoas, de locais diferentes, foram à região. Tais pessoas eram chamadas de Emboabas. Com isso, houve uma guerra entre os paulistas e os emboabas (guerra dos emboabas). Os paulistas saíram derrotados do conflitos.
            Algumas revoltas surgiram com a finalidade de romper com o domínio exercido sobre os portugueses no Brasil. Uma dessas revoltas ficou conhecida como a Revolta de Filipe dos Santos. O movimento exigia o fim das Casas de Fundição e reclamava da carestia da vida na região. Porém, a revolta foi duramente reprimida, sem que seus objetivos fossem atingidos. Com isso, Filipe dos Santos foi morto, esquartejado e teve sua cabeça exposta.
             Outro importante movimento foi a Inconfidência Mineira, cujo líder foi Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes). O objetivo do movimento era impedir as práticas abusivas das autoridades lusas no país, principalmente a cobrança excessiva de impostos. O dia do levante foi marcado para o momento em que a derrama seria decretada (cobrança forçada dos impostos – autoridades portuguesas invadiam as casas das pessoas para pegar bens até completar o valor dos impostos atrasados).

        Além disso, os inconfidentes pretendiam proclamar a república no Brasil, criar universidades no Brasil e colocar fim nas instituições criadas pelos portugueses que oprimiam a população. Todavia, Joaquim Silvério dos Reis (não precisa decorar nomes), em troca do perdão de suas dívidas, delatou o movimento. Com isso, todos que faziam parte do movimento foram presos e julgados. A grande maioria foi condenado ao degredo na África e Tiradentes foi esquartejado e teve sua cabeça exposta em praça pública.

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