quarta-feira, 2 de março de 2016

  

A importância da liberdade na formação do educando.

É isto que nos leva, de um lado, à crítica e à recusa ao ensino bancário, de outro, a compreender que, apesar dele, o educando a ele submetido não está fadado a fenecer; em que pese o ensino ‘bancário’, que deforma a necessária criatividade do educando e do educador, o educando a ele sujeitado pode, não por causa do conteúdo cujo “conhecimento” lhe foi transferido, mas por causa do conteúdo do processo mesmo de aprender, dar, como se diz na linguagem popular, a volta por cima e superar o autoritarismo e o erro epistemológico do “bancarismo”. (pág.25)

            O professor (a) que, possui um prévio conhecimento em relação ao conteúdo pedagógico que será transmitido ao educando, precisa instigar no aprendiz a sensibilidade crítica. É de extraordinária importância para o estabelecimento contínuo de uma pedagogia de caráter libertária, que o educando não aceite passivamente a transferência autoritária e, conseqüentemente imposturia de conhecimentos do educador (a), ou seja, a forma “bancária” de ensino, como nos descreveu Paulo Freire na citação acima.
O educador (a) carece possuir uma ideologia ética que, acima de tudo, valorize a ética do Ser Humano. O professor (a) precisa criar uma ampla consciência do seu papel como um formador de opiniões. E fazendo-se valer desse papel para disseminar, simultaneamente, a criticidade entre os educandos para possibilitar a formação de cidadãos conscientes de sua liberdade e de sua concepção histórico-social.
            Quando um educador (a) tenta transmitir os seus conhecimentos de uma forma dogmática e autoritária para os educandos, é perceptível e coerente dizer que esse profissional transgrediu um dos mais essenciais princípios dos Seres Humanos: a liberdade. Então, com todo esse processo “bancarista” de transferência de conhecimentos, a tendência é que resulte na formação de indivíduos alienados de seu papel histórico-social, tornando­-se, portanto, Seres completamente passivos diante acontecimentos que implicam em sua própria formação humana e social.
            O professor (a) não pode se restringir somente ao conteúdo disciplinar, ele precisa buscar maneiras de incentivar os educandos a terem uma visão crítica do sistema vigente. E o quanto é importante para esse educando tentar localizar os principais defeitos desse sistema, para, no futuro, não reproduzirem os mesmos erros presenciados atualmente.
            Quando o professor (a) pratica a simples transferência de conhecimentos, negando-se a exercer o livre-arbítrio e a criticidade entre os educandos, sem incentivá-los a reinvidicar os seus direitos como cidadãos, formarão, inevitavelmente, pessoas conformadas com o discurso fatalista do neoliberalismo e, conseqüentemente, se tornarão monótonos espectadores perante a miserável realidade do meio social do qual fazem parte, ou seja, aceitará com muita ingenuidade a sua “miséria na fartura” e do seu povo.
            Para se exercer a liberdade na prática pedagógica, o professor precisa deixar de ser visto como o centro inatingível de detentor único da sabedoria estabelecer um contínuo diálogo entre os educadores e os educandos. Com isso, ambos assumem o papel de descobridor, crítico e construtor de conhecimentos.
               Portanto, a educação só assumirá uma concepção libertária, quando todos se conscientizarem, tanto os educadores quanto os educandos, de que o meio escolar não serve somente para se obter conhecimentos relativos a disciplinas metodológicas, mas sim como a formação de cidadãos conscientes de seu papel histórico social. 
           “É nesse sentido que reinsisto que formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas”. (pág 14). Para Paulo Freire, o educador precisa aguçar a curiosidade ingênua do educando, objetivando aprimorar uma criticidade epistemológica mais racional perante os fatos sociais e pedagógicos.
            O homem por ser um indivíduo inconcluso, necessita da educação para conseguir viver como um Ser Humano racional e consciente no que concerne ao seu conhecimento de mundo.
            O professor precisa criar mecanismos visando seduzir os educandos a participarem mais ativamente das aulas, para que o conhecimento seja produzido e compartilhado no ambiente escolar por todos. Com isso, os alunos começam a ter uma nova visão da realidade e da sua própria concepção de liberdade.
            Devido às influências do meio social, o homem passa a se ver como seres completos, essa é uma visão passada pela circunstância da sociedade que acaba criando nos indivíduos um falso sentimento de completude e conclusão. Com isso, a nossa percepção de liberdade e responsabilidade se torna obscuro, assim, deixamos de nos analisarmos como seres inconclusos, e, ainda por cima, temos a ingênua percepção de completude baseada somente na conjuntura sócio-cultural.
            Por ser um incompleto, o homem precisa ser educado, para conseguir a sua ascensão moral e cultural. Sendo inteiramente inconcluso, ou seja, sabendo que o homem não nasce pronto, ele precisa adquirir conhecimentos, por isso, ele passa por um processo de aprendizagem ao longo da vida, tendo, principalmente a influência social como a formação incipiente. Portanto, o homem acaba seguindo o conjunto de regras imposto pela sociedade.
            O professor (a) precisa auxiliar o educando na sua constante peregrinação em busca de se completar como Ser Humano racional e consciente de seu papel na sociedade. E assim sendo, o educador precisa desenvolver a criticidade epistemológica entre os educandos, para que eles possam ter uma nova concepção da realidade, e que a influência negativa do meio social não seja a base da formação do cidadão.

A verdadeira função do professor no ambiente escolar.

É de fundamental importância exaltar o papel do professor como o de um profissional consciente sobre a sua responsabilidade de orientador do Ser educando, principalmente no direcionamento do mesmo, na sua formação de opiniões, sobretudo para os assuntos sócio-econômicos do mundo.
           “Do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática imobilizadora e oculta de verdades”. Com esse fragmento relatado por Paulo Freire, podemos compreender que o principal interesse da classe predominante, é desenvolver mecanismos educacionais, nos quais a veracidade de fatos é sempre ocultada e distorcida. Esse protótipo educativo serve, basicamente para viabilizar uma completa manipulação do Ser educando.   
               Quando o educador aperfeiçoa a intuição crítica do educando, consegue fundamentar no principiante, uma nova forma analítica da realidade, pensando e aprofundando os seus conhecimentos sobre os problemas gerados pelo sistema político vigente. Com isso, os educandos não se posicionam passivamente perante esses problemas, mas começam a articular meios sucintos para tentar minimizá-los.
  “Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditaduta de direita ou de esquerda (...). Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura”.(pag.102-103).
            O papel do professor, como nos disse Paulo Freire no trecho acima, é muito mais abrangente do que simples “transmissor de conhecimentos”. O conteúdo das disciplinas pedagógicas não pode ser considerado mais importante do que a formaçao sócio-cultural dos educandos. Entao, a passividade e o conformismo acrítico do aluno perante os problemas gerados através de práticas políticas e econômicas, deve sefrer inalteráveis contestações por parte do professor.
            O professor precisar promover uma ampla conscientização do educando, através da criticidade epistemológica, para que a classe dominante não consiga exercer o controle sobre a classe desprovida de recursos materiais e sem instrução cultural. O aluno não pode se conformar com o discurso fatalista do neoliberalismo. Ele precisa ter uma percepção da realidade e dos problemas gerados por essa prática de tentativa de dominação da classe periférica.
            Com o fortalecimento do capitalismo, a divisão de classes se intensificou ainda mais. Com isso, o principal objetivo da classe majoritária consiste em criar mecanismos que visam dominar cultural e socialmente a classe desfavorecida economicamente.
            Cabe ao professor incentivar a discusão sobre assuntos dessa natureza, visando promover uma maior conscietização em relação aos problemas gerados pelo neoliberalismo. O papel do professor não pode se restringir somente ao conteúdo pedagógico, mas sim na sua formação sócio-cultural.

Bibliografia
FREIRE; Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra,2008













                                                                                                                            







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